Nirvana na Beehive Music & Video – 16 de Setembro de 1991
No dia 16 de setembro de 1991 acontecia a tarde de autógrafos do Nirvana na Beehive Music & Video de Seattle. Veja, ouça e saiba tudo o que rolou por lá:
Seattle, 16 de Setembro de 1991
Na segunda-feria, dia 16 de setembro de 1991, o Nirvana tinha uma tarde de autógrafos programada na loja de discos Beehive Music & Video, 811 NE 45th Street, Seattle. A DGC havia organizado o evento para divulgar Nevermind e o Nirvana.
Eram esperados cerca de cinquenta clientes que comprariam suas cópias do disco, ganhariam autógrafos e poderiam conversar com a banda.
Mas o Nirvana já era mais popular do que supunha a gravadora e os promotores do evento. Às duas horas da tarde, uma fila de mais de duzentos garotos e garotas já estava formada na porta da Beehive Music & Video, esperando para ver e falar com a banda. Isso que o evento estava marcado para começar somente às sete.
Mas não só a DGC ficou surpresa com a quantidade de fãs que o Nirvana tinha conseguido em tão pouco tempo. Quando Kurt viu a fila na loja naquela tarde, foi a primeira vez que o ouviram proferir um “puta merda” em resposta a sua popularidade.
Vendo aquela multidão saída do nada, Kurt Cobain decidiu que a “tarde de autógrafos” do Nirvana na Beehive Music & Video não seria como uma habitual. A banda decidiu que em lugar de simplesmente autografar discos e apertar as mãos das pessoas, o Nirvana faria um pequeno show.
A banda resolveu aguardar até a hora do show bebendo no Blue Moon Tavern, no 712 NE da 45th. Quando olharam para fora da janela e viram dezenas de fãs olhando para dentro, devem ter se sentido como no filme “A Hard Day’s Night” (“Os reis do iê-iê-iê”).
O Show do Nirvana na Beehive Music & Video
O show do Nirvana na Beehive Music & Video aconteceu no chão da loja mesmo. A situação era um pouco precária, já que a loja não estava preparada para uma apresentação e sim uma tarde de autógrafos. Ainda assim, foi intenso.
Treze musicas foram tocadas em cerca de 45 minutos. Quando o Nirvana começou, a Beehive estava tão abarrotada de gente que alguns garotos subiram nas prateleiras de discos para ter uma melhor visão da banda. Foi preciso armar cavaletes na frente das vitrines da loja para protegê-las.
No decorrer do show, o publico foi ficando cada vez mais próximo da banda, até a multidão começar a esmaga-los. A cena lembra a vista no vídeo para “Smells Like Teen Spirit”, mas dessa vez, era pra valer.
Kurt ficou perplexo com as proporções que aquilo tinha assumido. Olhando no meio da multidão, ele viu metade do meio musical de Seattle e dezenas de seus amigos. Assim como viu duas de suas ex-namoradas (Tobi Vail e Tracy Marander) dançando ao som das canções. Isso de certa forma lhe era particularmente irritante. Até essas pessoas íntimas agora faziam parte de uma platéia que ele se sentia solicitado a atender.
Krist Novoselic mais tarde citou este show como o momento em que tudo começou a mudar, para pior: “Coisas começaram a acontecer depois disso. Nós não éramos mais a mesma banda de antes, Kurt… ele meio que se retirou. Ficou complicado. Foi mais do que nós esperávamos”.
- Drain you – Beehive Music 1991
- Breed – Beehive Music 1991
- Floyd The Barber – Beehive Music 1991
- Polly – Beehive Music 1991
- Smells Like Teen Spirit – Beehive Music 1991
- Come As You Are – Beehive Music 1991
- School – Beehive Music 1991
- Territorial Pissings – Beehive Music 1991
- Blew – Beehive Music 1991
- Negative Creep – Beehive Music 1991
- Been A Son – Beehive Music 1991
- Something In The Way – Beehive Music 1991
- Stain – Beehive Music 1991
A “tarde de autógrafos” do Nirvana na Beehive Music & Video
A Beehive estava vendendo os primeiros exemplares de Nevermind que o público tinha a chance de comprar e os discos rapidamente se esgotaram. “As pessoas estavam arrancando cartazes da parede só para terem um pedaço de papel para Kurt autografar”, lembra a gerente da loja, Jamie Brown.
Quando saiu para fumar um cigarro no estacionamento, dois dos antigos colegas de escola de Kurt em Montesano, Scott Cokely e Rick Miller, seguravam cópias de “Sliver” para ele autografar. Embora Kurt tenha assinado centenas de autógrafos naquele dia, nenhum o fez se sentir mais surreal. Ele estava colocando sua assinatura em um single sobre seus avós para dois caras da cidade onde seus avós viviam.
Eles conversaram sobre seus amigos em comum, mas a conversa deixou Kurt melancólico. Cokely e Miller eram um lembrete de um passado que Kurt achava que havia ficado para trás. “Você tem ido ao porto?” Cokely perguntou. “Não muito frequentemente”, respondeu Kurt. Tanto Cokely quanto Miller ficaram confusos quando viram seus singles e notaram que Kurt os havia assinado “Kurdt”.
Cobain mais tarde citou esse encontro como um dos primeiros momentos em que ele percebeu que era famoso. Embora ele sempre quisesse ser famoso (e ele havia prometido aos seus colegas de classe de Montesano que um dia ele seria) a verdadeira culminação de seus sonhos o enervou profundamente.
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