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Porque Nirvana vai além de Nevermind e "Smells Like Teen Spirit"
Nirvana – Os sí­mbolos de In Utero

Você conhece os símbolos de In Utero! Mas e seu significado? De onde foram retirados e por qual motivo teriam sido usados na contra-capa do álbum?

O Álbum

In Utero é o terceiro e ultimo álbum de estúdio do Nirvana, lançado mundialmente em 21 de Setembro de 1993. Um álbum polemico, principalmente por seu visual. A maioria das ideias da arte do disco saíram da cabeça de Kurt Cobain. Robert Fisher era o diretor de arte mas, de acordo com ele mesmo, teve poucas chances de fazer alguma coisa. Ele basicamente ouvia e executava os planos de Kurt.
Desde o titulo, passando pelo nome de algumas canções, letras das musicas – carregadas de termos médicos – e as imagens no álbum, se referiam a fertilidade, sexo, mulher, nascimento, morte…
O nome “In Utero” foi retirado de um poema de Courtney Love.

Os símbolos de In Utero – A origem

Na contra-capa polemica, vemos imagens de fetos, tartarugas, orquídeas, carne, vaginas, lírios… A colagem foi feita por Kurt no chão da sala de sua casa. Em uma tarde de domingo, Kurt ligou para o fotografo Charles Peterson, convidando-o para ver o fotografar sua mais nova obra de arte para ser usada em In Utero. Sobrepostos nas bordas da imagem capturada por Peterson estão os vinte e um símbolos.

Estes símbolos re-ilustrados foram retirados do The Woman’S Dictionary Of Symbols And Sacred Objects (Dicionário dos Símbolos e Objetos Sagrados da Mulher), de 1988 escrito por Barbara G. Walker. O livro é um guia para a história e mitologia de símbolos e objetos relacionados com a mulher. Descreve as origens de tais símbolos juntamente com ilustrações dos mesmos. O diferencial do livro de Barbara é seu foco no empoderamento feminino. Muitos dos símbolos ali mostrados não são exatamente desconhecidos. O significado deles quando relacionados à mulher é que se perdeu com o tempo e a cultura machista.

“Se você procurar a palavra leão no dicionário em sua mesa, é provável que descubra que é um grande mamífero carnívoro. Pode descobrir que também é o emblema da Grã-Bretanha e menção à coragem e perspicácia literária. Mas você não descobrirá que dois leões puxaram a carruagem da Deusa Cibele quando ela saiu para dar uma volta. Para aprender isso, você precisaria folhear o Dicionário de Símbolos e Objetos Sagrados da Mulher”

O Nirvana defendia direitos iguais em uma época em que muitos artistas permaneciam em silêncio. Sempre tentaram fazer sua parte para acabar com a intolerância, atitudes homofóbicas, racistas e sexistas. Os símbolos na contra-capa de In Utero podem ter passado despercebidos para muita gente, mas são mais um sinal do feminismo ferrenho de Kurt Cobain e banda.

The Woman’S Dictionary Of Symbols And Sacred Objects é uma tentativa da escritora Barbara G. Walker de devolver à aqueles símbolos o seu significado. Do mesmo modo, um homem que procurou usar seu sucesso como uma plataforma para defender e ajudar pessoas e comunidades marginalizadas, não perderia a oportunidade de espalhá-los pelo mundo em seu disco.

Os símbolos de In Utero – O significado

Porca Branca

É um dos nomes de Ísis. A Sagrada Porca Branca é também conhecida por milhares de outros nomes, mundo e eras afora, como: A Imaculada, a Santíssima, a Virgem, Senhora da Conceição, Senhora da Vida, Rainha… É a Senhora da Palavra, É a Deusa Ísis.

A Jarra

Símbolo de fertilidade e dos deuses da fertilidade. Um jarro jorrando água era o símbolo de fertilidade no Egito e no Oriente Médio desde o início da civilização. A Deusa Ísis usava em seu pescoço um amuleto em forma de jarro representando suas próprias fontes de água viva.

Favo de Mel

Símbolo de ressurreição/reencarnação. Os pitagóricos perceberam o hexágono como uma expressão do espírito de Afrodite, cujo número sagrado era seis (a dupla Deusa Tripla), e adoravam as abelhas como suas criaturas sagradas que entendiam como criar hexágonos perfeitos em seu favo de mel.


Golfinho

Símbolo de Deméter como Senhora dos Mares – a palavra “delfim” deriva da palavra grega para “ventre”. Era um totem de Deméter em seu papel de Senhora do Mar, enquanto a serpente a representava como Senhora da Terra. A estátua O Menino no Golfinho já foi uma imagem religiosa, representando o jovem deus sol nascido do mar, criado nas costas de um golfinho.


Triangulo

O design de três vias do triangulo geralmente representa o princípio feminino. A Deusa era a trindade original, pois a maioria de suas manifestações mais antigas tinha três aspectos; a virgem clássica, mãe e idosa.

Égua

Simboliza a Deusa Epona + aspecto matinal de Deméter. As bruxas escandinavas se transformavam em Éguas. A Grã-Bretanha da Idade do Ferro adorava a Deusa Epona como a Égua branca, que agora é chamada de White Horse (cavalo branco), como aparece na célebre imagem de 374 pés em uma encosta de Uffington.

A Rosa Alquímica

A rosa vermelha e branca foi adotada pelos alquimistas como símbolo do vas spirituale, o ventre sagrado do qual nasceria o filius philosophorum. Este era um antigo símbolo feminino da filha virgem (branca) dentro da mãe (vermelho), anteriormente aplicada a imagens como Kore/Deméter e Maria/Eva.


Baubo

Baubo é uma antiga Deusa Grega do Ventre, conhecida também pelo nome de Iamba, era esposa de Dysaules e mãe de Mise. Em suas representações não possui cabeça, e sim um rosto que aparece no torso. Aparentemente, Baubo simbolizava as piadas lascivas feitas pelas mulheres durante os ritos de fertilidade de Deméter. Essas piadas costumavam ser consideradas essenciais para a eficácia das cerimonias.

Diâmetro

Símbolo da Água, sal e mar – relacionado à mãe principal dos deuses, que juntou todos os elementos para criar a vida da carne (terra), sangue (água), respiração (ar) e fogo (energia vital). A palavra significa literalmente “Deusa Mãe” e pode se referir a antigos mitos da criação em que o corpo do mundo mãe foi dividido em metades superior e inferior.


As Fúrias

As Erínias (para os romanos) eram as forças de retribuição personificadas como três deusas donzelas imortais. Os deuses as rejeitavam, mas as toleravam. Os homens fugiam delas. Elas nasceram das gotas do sangue de Urano quando ele foi castrado por Cronos. Pavorosas e cruéis, as Erí­nias encarregavam-se de criar nas almas pecadoras o remorso e a necessidade de perdão.

Plutão

O deus das trevas, Plutão, era ele mesmo uma revisão helênica do título de uma grande mãe, que significa “riquezas” ou “abundância”. Havia uma Plutão do sexo feminino entre as divindades idosas pré-helênicas que os gregos desprezavam e desacreditavam em seus mitos.

Papoula

Visto que ópio e seus derivados (morfina, heroí­na, etc) são extraídos da papoula, é impressionante encontrar a flor associada com sono, inércia, anestesiamento e morte. Deméter, como deusa da morte é algumas vezes vista com papoulas (como no vídeo de Heart-Shaped Box).

Lua

Há tantas conexões e significados ligados a uma lua que seria difícil resumir qualquer maneira. Talvez nenhum outro objeto natural tenha sido mais amplamente reverenciado, de períodos extremamente antigos, do que a lua.

Abelha

Muito importante porque fornece o valoroso mel. Deméter em forma de “a pura abelha mãe” – identificada com a mortalidade no folclore – a abelha é um símbolo da força natural feminina.

Infinito

União sexual e senso de perfeição – dois se tornando um (dois círculos unidos, um representando o homem e outro a mulher). Como nenhum dos dois círculos está acima do outro, o simbolo do infinito implica igualdade entre os poderes masculino e feminino, levando ao conhecimento íntimo do “infinito”.

Concha

A concha de búzio é provavelmente um dos primeiros símbolos yônicos do mundo, sendo quase impossível negar sua semelhança com a genitália feminina. Entre os gregos, a palavra Kteis significava uma vulva, uma concha de búzio, uma concha de vieira ou um pente.

Enxofre

Sagrado para Atenas – associado com purificação – também simboliza o aspecto triste de Atenas (Deusa Brimo), que também se identifica com Deméter.

Machado

O machado de lâmina dupla representava as amazonas e sua deusa sob vários de seus nomes clássicos: Artemis, Gaia, Rhea, Deméter. Talvez originalmente um machado de batalha, tornou-se um cetro cerimonial em Creta e no mais antigo santuário grego da Deusa Delfos.

Boneca de Milho

Símbolo da colheita – um de seus muitos nomes é Deméter. A Boneca de Milho era uma figura de colheita tradicional feita dos últimos feixes de grãos, ou em algumas áreas, as primeiras polias de colheita de cada ano. Ela estava vestida com roupas apropriadas e tratava de várias maneiras como uma encarnação da colheita.


Símbolo de Ceres

Ceres era um título romano da Grande Deusa como Mãe da Colheita e governante de todos os grãos, que ainda são chamados de “cereais” depois de sua grande festa de início de verão, a Cerealia. Até o século XIX, em partes das ilhas britânicas, dizia-se que “os fazendeiros circulam seus grãos com tochas acesas, em memória do Cerealia”.


Sistrum

O sistrum era um chocalho sagrado, usado no culto da Grande Deusa Egípcia (Isis, Nephthys ou Hathor). Dizia-se que o som de seus fios barulhentos dissipava os maus espí­ritos, o mesmo tipo de magia mais tarde atribuí­da aos sinos da igreja na Europa medieval. Foi decorado com vários desenhos, as vezes uma cabeça da Deusa, as vezes um pequeno falo representando seu consorte.


“Never met a wise man. If so it’s a woman!”